:: Conceitos ::

Antes de propormos a metodologia resgataremos o real seu conceito para que possamos entender melhor o que é. Para que isso aconteça é preciso primeiramente entender as partes que a compõe: método, técnica e tecnologia (ferramentas).

O método é “o encaminhamento, a busca, contrapondo-se a obtenção de um resultado qualquer ao acaso, antes de desenvolve-lo é preciso estabelecer os objetivos visando de forma muito clara como descobrir, analisar, estudar, pesquisar em uma investigação” (Oliveira 1997).Método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim, estabelece de modo geral “o que fazer?”. Exemplos de método: “FIFO - First In First Out”, método de medição de custos.

Técnica, segundo Oliveira (1997), “é o suporte físico, a parte prática, são os instrumentos que auxiliam o método para que se possa chegar a um determinado resultado, estabelece o “como fazer?” são os diversos procedimentos dentro das inúmeras etapas que compõe o método. Alguns exemplos: técnica de levantamento de dados (entrevista, brainstorming), técnica do concreto armado, técnica de amostragem.

O conceito para tecnologia seria, segundo Tornatzky e Fleischer (1990, p.10), “ferramentas ou sistemas de ferramentas por meio das quais nós transformamos o nosso ambiente, derivadas do conhecimento humano, para serem usadas para propósitos humanos”. Exemplos de tecnologias: Java, C, Basic, Cobol, Delphi, (tecnologias de linguagem de programação), tecnologia IP, tecnologia da informação.

Uma metodologia consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não, em nível das implicações de suas utilizações. Rezende e Abreu (2000) definem, “Uma metodologia completa constitui-se de uma abordagem organizada para atingir um objetivo, através de passos preestabelecidos. É um roteiro, um processo dinâmico e interativo para o desenvolvimento estruturado de projetos, sistemas ou software, visando a qualidade e produtividade de projetos”. Portanto, metodologia é um roteiro dividido em fases, que são desmembradas em subfases e cada uma delas gera pelo menos um produto de sua elaboração. Dentro das fases e subfases encontram-se a utilização dos métodos, técnicas e tecnologias. Ela deve auxiliar o desenvolvimento de projetos, sistemas, software, de modo que os mesmos atendam de maneira adequada as necessidades do cliente/usuário. Metodologia é a formalização da organização de um processo de forma generalizada, afim de que se possa reutilizar aquela experiência, no alcance de certos benefícios no processo de desenvolvimento de sistemas semelhantes. Exemplos de metodologia: Metodologia do Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Sistemas (CVS) (Laudon e Laudon 2001), Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas de Informação (Rezende e Abreu 2000), Metodologia Desenvolvimento de Sistemas de Informação para WWW (Bellomo et al. 2001).

O quadro abaixo apresenta a essência dos conceitos:

Realidade Virtual

Segundo Burdea e Coiffet (1994), RV é uma “técnica avançada de interface do usuário com o computador, que permite realizar imersão, navegação e interação em um ambiente sintético tridimensional gerado por computador, utilizando canais multi-sensoriais”. O que a diferencia da interface tradicional é o fato de associar os movimentos e os sentidos humanos, despertando sensações no usuário, para produzir maior realismo, tudo em ambiente tridimensional e imaginário.

Segundo Netto e Oliveira (2002) a idéia de imersão está ligada com o sentimento de fazer parte do ambiente e além do fator visual, dispositivos como retorno auditivo, tato e força de reação automática da pessoa e dos movimentos da cabeça são também importantes. A interação esta relacionada com a capacidade do computador detectar as entradas do usuário e modificar instantaneamente o mundo virtual e as ações sobre ele (capacidade reativa). E por sua vez, o envolvimento está ligado com o grau de motivação para o engajamento de uma pessoa com determinada atividade.

A RV pode ser imersiva e não imersiva, e o que as diferencia é o hardware. A RV imersiva é baseada no uso dos capacates ou salas de projeção, enquanto que a não imersiva é baseada no uso de monitores.
RV não imersiva têm aspectos facilitadores para os desenvolvedores (não há a necessidade de desenvolver drivers especiais nem programação muito sofisticada e complexa) bem como para os usuários (podem experimentar os AV com configurações de hardware bem menores do que outras aplicações e, em qualquer lugar). Para a construção e visualização dos AVs utiliza-se a linguagem de descrição VRML (Virtual Reality Modeling Language). Ela surgiu da necessidade de uma linguagem capaz de representar ambientes 3D interativos na WWW (World Wide Web). É uma linguagem independente de plataforma, ou seja, pode ser vista desde computadores pessoais até computadores de alto desempenho.

Além de mostrar cenas estáticas, ela possibilita ao visitante do mundo passear, simular mundos, interagir com eles e visualizar objetos por ângulos diferentes.
A linguagem trabalha com geometria 3D e suporta transformações, texturas, luz e sombreamento. Outra característica importante da linguagem é o Nível de Detalhe (LOD, level of detail) que disponibiliza a quantidade certa de dados para um objeto baseado na sua importância na cena. Isso torna rápida a visualização e possibilita ao usuário ajustar o nível de detalhe que lhe for melhor.
Estas "páginas web 3D podem se tornar a principal fonte de uso da tecnologia RV para o público em geral. Estas aplicações já são e estão se tornando ainda mais populares, pois, literalmente e metaforicamente, acrescentam uma nova dimensão aos sites web", Kerr et al. (1999).

Proposta Metodológica

A proposta metodológica adotada foi a Metodologia Maiêutica (M²). O nome da proposta metodológica vem originalmente do filosofo grego Sócrates de sua “Metodologia Maiêutica”, pois o problema é dividido sucessivamente em várias perguntas reflexivas induzindo o projetista a refletir sobre o que será desenvolvido. Em tal metodologia há um inter-relacionamento entre as fases, para que o projeto possa ser refinado e melhorado até garantir que os requisitos e metas definidos inicialmente sejam cumpridos para gerar um produto final de qualidade e minimizar o custo Suzuki (2003) . A M² se apresenta dividida em projetos independentes, mas inter-relacionados o que permite que possa ser desenvolvida de forma “simultânea” privilegiando o trabalho em equipe, permitindo o menor tempo de desenvolvimento e maior qualidade do projeto. A figura a seguir representa a relação entre os projetos da M²:

A abordagem metodológica na forma de perguntas, ajudará ao usuário formular a concepção dos conceitos que irão ser usados na construção do Ambiente Virtual (AV). Foram definidos alguns critérios que devem nortear a criação de uma metodologia específica para RV e as perguntas tentaram respeitar ao máximo a estes critérios.

As perguntas fazem com que as pessoas encontrem a verdadeira funcionalidade do AV que vai ser desenvolvido através do questionamento, da busca de informações, do foco do AV e a verificar se no decorrer do desenvolvimento do AV, este não fugiu da meta inicial.

Ao lado estão os links das perguntas do roteiro. As respostas das perguntas foram feitas com base no estudo de caso: "Patologias da Edificação".

Aspectos característicos da Metodologia Maiêutica

•  Enfatiza o que uma proposta metodológica deve conter e respeita os critérios essenciais de uma metodologia voltada especificamente para RV;

•  Segmenta o detalhamento e facilita a análise, pela divisão do todo em Projeto Conceitual, Projeto de Comunicação, Projeto Estrutural e Construção, todas são, entretanto inter-relacionadas;

•  A proposta vem povoada de métodos e ferramentas, usadas para auxiliar o processo de desenvolvimento;

•  Não há uma fase “Avaliação” da concepção, pois esta é uma fase perene, ou seja, vem ocorrendo continuamente durante todo o processo da metodologia. Cada fase possuirá sua própria forma de avaliação podendo ser diferente em cada fase, com o uso de diferentes técnicas, testes, abordagens, etc.

•  É uma proposta interativa e resulta em uma documentação detalhada que é a especificação do AV;

•  Para evitar o tecnicismo, altos níveis de abstração (falta de detalhes), para privilegiar a criatividade e a funcionalidade, adotou-se apresentar as etapas na forma de perguntas, e não de assertivas como vem sendo feito. Acredita-se que, desta forma, traz-se o projetista à reflexão sem introduzi-lo inicialmente às restrições operacionais. As perguntas da metodologia proposta são, entretanto, de diversos tipos, formas e propósitos.

•  A metodologia foi estruturada de forma que para cada aspecto relevante do projeto se tenha respondido claramente “O que?”, “Como?”, “Quando?” e “Por que?”;

•  As perguntas podem ser de dois tipos: direta e de verificação de consistência. As perguntas diretas são aquelas em que o usuário deve responder baseando-se no AV que irá desenvolver e as de verificação são aquelas em que o usuário deve retornar a uma pergunta/resposta anterior e verificar se há consistência entre as respostas que estão sendo definidas;

•  As perguntas específicas se apresentam, normalmente em 2 (dois) níveis, sendo que as de 2º nível referem-se às perguntas de 1º nível, são identificadas pela cor vermelha e pelo número da pergunta seguido com um traço e um outro número (ex. P13-1) e possuem um íntimo relacionamento com as perguntas do nível superior, porém num nível de detalhamento maior.

•  Há também perguntas de lógica negativa, estas perguntas estimulam o usuário a pensar no que o AV não fará e identificar quais são as limitações, explicitando, pois, o seu escopo;

Como apêndice da metodologia, para cada conceito diferente foi feito um anexo (como se fosse um glossário) explicando o significado deste conceito, desta forma, o projetista poderá responder adequadamente a pergunta sem precisar recorrer a outros recursos para saber o significado destes conceitos.